“Não haverá traje de homem na mulher, e nem vestirá
o homem roupa de mulher; porque, qualquer que faz isto, abominação é ao Senhor
teu Deus.” (Dt 22.5).
Introdução
Alguns
membros das Assembleias de Deus, principalmente no Nordeste do Brasil, defendem
o uso de saias pelas mulheres assembleianas, baseados em Deuteronômio 22.5. Com
isto, não estamos nos colocando contra os costumes, mas provando que não existe
respaldo bíblico. Analisemos, portanto o texto à luz da Bíblia.
Analisando o texto
Para
começar, observamos que o texto de Deuteronômio 22.5, não suporta uma exegese
bíblica (Exegese é um exame detalhado do
texto bíblico. É o
estudo do significado das palavras à luz do tempo e do lugar onde originalmente
foram escritas).
Igrejas têm usado esta passagem para condenar
o uso de calça comprida para as mulheres dizendo que são roupas de homens.
Porém, os tais “líderes” não dizem que na época em que este texto foi escrito
as roupas eram semelhantes para homens e mulheres. Os judeus (homens e mulheres)
usavam vestidos e túnicas. A distinção dos sexos não estava no tipo de roupa,
pois todos usavam vestidos no tamanho e cores.
Deus
trata de três categorias de povos: Judeus, Gentios e Igreja (1Co 10.32),
Judeus, são os descendentes de Abraão (israelitas); Gentios, são todas as
nações não judaicas; Igreja, são todos que se arrependeram de seus pecados e
aceitaram Jesus como seu Senhor e Salvador, seja judeu, seja gentio.
A
ordem foi dada por Deus através de Moisés, na sua época, aos judeus na Palestina.
O corte masculino da calça, devido às compleições físicas do homem é totalmente
diferente do corte feminino. Em vista de ser tão básica, ela era idêntica para
homens e mulheres, exceto que a do homem era geralmente mais curta (na altura
do joelho) e a da mulher mais longa (na altura do tornozelo) e azul. A
proibição de trocar as roupas teve sua origem no estímulo sexual que fazia
parte da religião cananita.
Sendo
as roupas dos sexos mais preciosas do que dos nossos dias, havia uma
necessidade maior de regulamentação. A lei talvez fosse feita não apenas para
preservar a decência e a clara distinção entre homem e mulher, mas também
porque os pagãos tinham o hábito de ignorar tal distinção na adoração aos
ídolos. Homens vestiam os vestidos coloridos das mulheres quando eles se
apresentavam perante a Estrela de Vênus, e as mulheres vestiam as armaduras dos
homens enquanto se apresentavam perante a Estrela de Marte. Ídolos eram
frequentemente representados com características físicas de um sexo, mas com
roupas do outro; e seus adoradores se empenhavam para ser como eles.
O
uso de roupas varia de acordo com a cultura. Como dizer que calça comprida é
roupa de homem e vestido ou saia é roupa de mulher? O que dizer dos escoceses
que usam saia (kilt)? São porventura menos homens que os brasileiros? O kilt
surgiu no século XVI, no norte da Escócia. Cada clã ou família tinha um
tipo de quadriculado no kilt, que identificava os seus integrantes. Os
cortes de roupas (masculinos e femininos) por si só são suficientes para
demonstrar suas diferenças. A calça feminina é mais justa, mais à cinturada,
mais colada ao corpo da mulher, ora com tecido mais fino, ora com estampas
florais entre tantas outras possibilidades.
O que uma
sociedade estabelece como indumentária masculina e feminina não vale
necessariamente para outra região geográfica. As roupas das mulheres da
Palestina podem não transparecer feminilidade noutro país; em nossa cultura,
por exemplo, iriam ser consideradas muito pouco femininas. Um homem que usasse,
aqui no Brasil, aquilo que os beduínos consideram serem roupas masculinas,
certamente seria alvo de risos e provocações. Por outro lado, alguém
vestido de bombachas gaúchas nas ruas de Nazaré, também seria o centro de
todos os olhares da cidade.
“Mas o homem encoberto no coração; no
incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de
Deus. Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que
esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus próprios maridos;” (1 Pe 3.4,5).
Alguns
até se utilizam deste texto para tentar defender sua “tese”; toda via, existe
uma regra na teologia que todo texto sem contexto vira pretexto; e o contexto
deste texto está no (v. 4) “... no
incorruptível traje de um espírito manso e quieto...”. Era assim que se
adornavam antigamente as santas mulheres, com um incorruptível traje de um
espírito manso e quieto.
Conclusão
Segundo
Orlando Reimão em seu Blog, a CGADB teria relatado o seguinte: “... Quando
afirmamos que temos as nossas tradições, não estamos com isso dizendo que os
nossos usos e costumes tenham a mesma autoridade da Palavra de Deus, mas que
são bons costumes que devem ser respeitados por questão de identidade de nossa
igreja...”. Portanto, as vestimentas femininas são apenas costumes que
caracteriza a igreja, sem base bíblica; e não devemos confundir doutrina (Bíblica)
com costumes (humano). E muito menos julgar as demais denominações.
Por:
Reginaldo Natur.
Referências
DAKE,
Finis Jennings. Bíblia de Estudo Dake.
Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
GOWER,
Ralph. Usos e costumes dos tempos
bíblicos. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
NATUR,
Reginaldo de Sousa. A Verdade Liberta.
clubedeautores.com, 2013.