segunda-feira, 24 de março de 2014

Vestuário na Assembleia de Deus à luz da Bíblia



“Não haverá traje de homem na mulher, e nem vestirá o homem roupa de mulher; porque, qualquer que faz isto, abominação é ao Senhor teu Deus.” (Dt 22.5).
Introdução
Alguns membros das Assembleias de Deus, principalmente no Nordeste do Brasil, defendem o uso de saias pelas mulheres assembleianas, baseados em Deuteronômio 22.5. Com isto, não estamos nos colocando contra os costumes, mas provando que não existe respaldo bíblico. Analisemos, portanto o texto à luz da Bíblia.
Analisando o texto
Para começar, observamos que o texto de Deuteronômio 22.5, não suporta uma exegese bíblica (Exegese é um exame detalhado do texto bíblico. É o estudo do significado das palavras à luz do tempo e do lugar onde originalmente foram escritas).
Igrejas têm usado esta passagem para condenar o uso de calça comprida para as mulheres dizendo que são roupas de homens. Porém, os tais “líderes” não dizem que na época em que este texto foi escrito as roupas eram semelhantes para homens e mulheres. Os judeus (homens e mulheres) usavam vestidos e túnicas. A distinção dos sexos não estava no tipo de roupa, pois todos usavam vestidos no tamanho e cores.
Deus trata de três categorias de povos: Judeus, Gentios e Igreja (1Co 10.32), Judeus, são os descendentes de Abraão (israelitas); Gentios, são todas as nações não judaicas; Igreja, são todos que se arrependeram de seus pecados e aceitaram Jesus como seu Senhor e Salvador, seja judeu, seja gentio.
A ordem foi dada por Deus através de Moisés, na sua época, aos judeus na Palestina. O corte masculino da calça, devido às compleições físicas do homem é totalmente diferente do corte feminino. Em vista de ser tão básica, ela era idêntica para homens e mulheres, exceto que a do homem era geralmente mais curta (na altura do joelho) e a da mulher mais longa (na altura do tornozelo) e azul. A proibição de trocar as roupas teve sua origem no estímulo sexual que fazia parte da religião cananita.
Sendo as roupas dos sexos mais preciosas do que dos nossos dias, havia uma necessidade maior de regulamentação. A lei talvez fosse feita não apenas para preservar a decência e a clara distinção entre homem e mulher, mas também porque os pagãos tinham o hábito de ignorar tal distinção na adoração aos ídolos. Homens vestiam os vestidos coloridos das mulheres quando eles se apresentavam perante a Estrela de Vênus, e as mulheres vestiam as armaduras dos homens enquanto se apresentavam perante a Estrela de Marte. Ídolos eram frequentemente representados com características físicas de um sexo, mas com roupas do outro; e seus adoradores se empenhavam para ser como eles.
O uso de roupas varia de acordo com a cultura. Como dizer que calça comprida é roupa de homem e vestido ou saia é roupa de mulher? O que dizer dos escoceses que usam saia (kilt)? São porventura menos homens que os brasileiros? O kilt surgiu no século XVI, no norte da Escócia. Cada clã ou família tinha um tipo de quadriculado no kilt, que identificava os seus integrantes. Os cortes de roupas (masculinos e femininos) por si só são suficientes para demonstrar suas diferenças. A calça feminina é mais justa, mais à cinturada, mais colada ao corpo da mulher, ora com tecido mais fino, ora com estampas florais entre tantas outras possibilidades.
O que uma sociedade estabelece como indumentária masculina e feminina não vale necessariamente para outra região geográfica. As roupas  das mulheres da Palestina podem não transparecer feminilidade noutro país; em nossa cultura, por exemplo, iriam ser consideradas muito pouco femininas. Um homem  que usasse, aqui no Brasil, aquilo que os beduínos consideram serem roupas masculinas, certamente seria alvo de risos e provocações. Por outro lado, alguém vestido  de bombachas gaúchas nas ruas de Nazaré, também seria o centro de todos os olhares da cidade. 
“Mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus. Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus próprios maridos;” (1 Pe 3.4,5).
Alguns até se utilizam deste texto para tentar defender sua “tese”; toda via, existe uma regra na teologia que todo texto sem contexto vira pretexto; e o contexto deste texto está no (v. 4) “... no incorruptível traje de um espírito manso e quieto...”. Era assim que se adornavam antigamente as santas mulheres, com um incorruptível traje de um espírito manso e quieto.
Conclusão
Segundo Orlando Reimão em seu Blog, a CGADB teria relatado o seguinte: “... Quando afirmamos que temos as nossas tradições, não estamos com isso dizendo que os nossos usos e costumes tenham a mesma autoridade da Palavra de Deus, mas que são bons costumes que devem ser respeitados por questão de identidade de nossa igreja...”. Portanto, as vestimentas femininas são apenas costumes que caracteriza a igreja, sem base bíblica; e não devemos confundir doutrina (Bíblica) com costumes (humano). E muito menos julgar as demais denominações.
Por: Reginaldo Natur.
Referências
DAKE, Finis Jennings. Bíblia de Estudo Dake. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
GOWER, Ralph. Usos e costumes dos tempos bíblicos. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
NATUR, Reginaldo de Sousa. A Verdade Liberta. clubedeautores.com, 2013.