A ignorância
dança na minha frente! Colorida, maquiada, e iluminada, ela se contorce feita
serpente, mas não entendo o que ela quer dizer! Trevas medievais se abatem
sobre o culto de igrejas modernas. Novamente os ministros do evangelho estão
buscando roupas, cores, luzes, sons, gestos mudos, e centralidade em mulheres
que, sem saber, roubam a glória de Cristo nos cultos dessas igrejas. Dessa
forma, a velha igreja Católica Romana com seu culto colorido tem sido lembrada
no meio evangélico. Estive pregando em um congresso para jovens presbiterianos,
e fiquei decepcionado ao ver que, o culto desses jovens nada tinha a ver com o
presbiterianismo histórico, nem com o sistema calvinista de adoração. Não sei
quem é o culpado por tantos descaminhos dentro de nossas igrejas; o que sei é
que o culto presbiteriano está aleijado em muitas igrejas; precisa de muletas
para andar. O princípio que subjaz esta enfermidade é o fato dos líderes
acharem que só a Palavra de Deus e os sacramentos já não podem mais ter tanta
graça, e para isso insistem em trazer algo com mais engraçado. O que pude
observar naquele congresso não posso chamar de culto. Não tive impressão de que
as pessoas ali estivessem com suas mentes voltadas para Deus. Palco com muitas
luzes pondo seus holofotes em moças maquiadas, brilhando à luz dos reflexos de
sapatilhas prateadas, com vestidos multicoloridos, contorcendo seus corpos como
serpentes, e até, sensualmente mostrando o contorno de seus corpos, dançando e sinalizando
com os membros superiores e inferiores, gestos obscuros que ninguém entendia o
que queriam dizer com aqueles movimentos. Quando sento num banco de igreja e
vejo aquelas mocinhas dançando na minha frente, nada mais consigo além da
ignorância dançante de seus líderes. Como dançam ao som de músicas, entendo a
letra da música, mas não sei o que elas pretendem dizer com seus braços e
pernas que sobem e descem sincronizadamente, repetindo cansativamente os mesmos
movimentos. Será que somente eu não compreendo a linguagem daqueles corpos
coloridos, brilhantes e emudecidos, que se contorcem sobre o palco querendo
dizer algo? Será que terei que aprender um alfabeto dos movimentos
coreográficos para decodificar a mensagem dançada? Foi-me dito que elas estão
louvando a Deus. Estranho! Parece que esse louvor nunca poderá ser
congregacional; ou imaginaremos os anciãos da igreja coreografando
sincronizadamente? Por que essa modalidade de louvor só pode ser praticada por
moças novas?
POR QUE A
COREOGRAFIA NÃO É A VONTADE DE DEUS PARA O CULTO CRISTÃO?
1) PORQUE É
UM MEIO ATRASADO E PRIMITIVO DE COMUNICAÇÃO QUE COMPROMETE O CULTO À
OBSCURIDADE E AO ERRO.
O meio mais
direto, perfeito e objetivo de nos comunicarmos com Deus é por meio da palavra
inteligível. Os movimentos corporais podem representar simbolismos nas muitas
religiões pagãs e de mistérios pelo mundo afora; mas só o culto revelado a
Israel (Rm 9:4) contém os verdadeiros elementos que agradam a Deus. Nada há no
culto de Israel que lembre o culto pagão das nações vizinhas, que era recheado
de danças folclóricas. O louvor de Israel sempre foi por meio de palavras
inteligíveis, e não por expressões corporais. Além disso, teria que haver uma
codificação dos movimentos, para que a igreja pudesse ler e decodificar o
significado de cada movimento, o que é impossível, pois como é uma dança ao som
de músicas, as letras das músicas confundiriam as letras expressas pela
linguagem corporal. Ainda assim, a expressão corporal seria inviável para o
culto porque o corpo é mudo e seus movimentos limitados, tendo-se que repetir
as mesmas coisas significadas, e caindo no erro das vãs repetições. A
coreografia é proibida pelo apóstolo Paulo por representar uma forma muda de
expressão que nada expressa. Nenhuma formalidade sem sentido deveria fazer
parte do culto cristão, (I Co 14:8-9). A própria palavra louvar (do lat.
Laudare) sempre está relacionada a “dizer algo inteligível à mente”,
“bendizer”; assim sendo nunca poderia ser empregada para gestos ou expressões
corporais. O Salmo 150:4 emprega o termo para “adulfes e danças” porque está
citando a expressão de Êxodo 15:20-21, que é acompanhada de bendições em alta
voz por Miriam e as mulheres que acompanharam o coro. Todo meio obscuro de
cultuar a Deus é proibido em sua Palavra, pois a igreja tem entender a mensagem
para dar o amém, (I Co 14:16). Toda forma de culto que não comunica a mensagem
inteligívelmente, é semelhante a falar ao ar, (I Co 14:9). Além do mais, o
apóstolo Paulo ensina que o culto cristão é racional, pertencente ao
entendimento, (Rm 12:1). Cultos em que não se entende a mensagem ou o louvor,
são caracteristicamente pagãos em sua essência. Usar exemplos de Miriam ou Davi
é cometer sério erro hemenêutico. Eles dançaram porque quiseram; não estavam
obedecendo a nenhum mandamento da lei, nem seu exemplo ficou para ser seguido.
O povo de Deus não segue exemplos, e sim ordens.
2) PORQUE NÃO
É PARTE INTEGRANTE DE NENHUM DOS MEIOS DE GRAÇA, E, PORTANTO NÃO PODE FAZER
PARTE DO CULTO.
Além dos
sacramentos e da palavra, Cristo e os apóstolos não instituíram nada mais como
meio de graça para o povo de Deus. Todos os elementos do culto cristão são,
necessariamente, meios de graça. Mas fica difícil explicar como um grupo de
mulheres fantasiadas e dançantes se tornariam um meio de graça para a igreja de
Cristo. O que coreografia tem a ver com a história da redenção? O que as danças
comunicariam à mente dos crentes? A música cantada é ordenada nas epístolas
paulinas, e foi usada por Cristo ao término da ceia; nada há, porém, quanto à
dança.
3) PORQUE NÃO
FAZ PARTE DE NUNHUMA ORDEM LITÚRGICA ENCONTRADA NO VELHO OU NOVO TESTAMENTO.
A própria
expressão “dança litúrgica” é precária, pois não há nenhuma liturgia de culto
onde haja danças no Velho ou Novo Testamento. O culto foi uma das dádivas
pactuais dadas ao povo de Israel, e sobre o qual a nova aliança é inspirada.
Não há nenhum registro do culto no Antigo Testamento que danças fizeram parte
do culto israelita no templo. O culto de Israel era santíssimo, e jamais seria
profanado por elementos de cultos pagãos. Os povos vizinhos de Israel adoravam
o sol, as estrelas, gatos, serpentes, jacarés, deusas, e deuses, dançando
religiosamente para eles. Esse culto dançante era originado da própria vontade
humana, mas o culto do Deus de Israel tinha origem divina, e foi revelado pelo
próprio Deus ao seu povo, (Rm 9:4); em nenhum lugar da revelação Deus requereu
danças; elas eram exatamente o elemento mudo das religiões pagãs daqueles
tempos. O mesmo pode-se entender no Novo Testamento. Nenhuma evidência há para
uma tradição pagã entre os crentes da igreja primitiva.
4) PORQUE NÃO
HÁ MODELO NEM MANDAMENTO APOSTÓLICO PARA ISTO.
As ordens
apostólicas do conteúdo do culto no que se refere a louvor é salmo, (I Co
14:26); salmos, hinos e cânticos espirituais, (Ef 5:19). Em nenhum lugar da
tradição apostólica foi incluída coreografia, sendo, portanto, uma tradição
humana acrescentada ao culto cristão.
5) PORQUE
ROUBA A GLÓRIA DE CRISTO E MACULA O CULTO DIVINO.
O movimento
moderno secular de coreografia na igreja apresenta-se como um show, bem
ensaiado, e que, impecavelmente pretende agradar à expectativa de quem assiste.
A atenção dos expectadores está em acompanhar os movimentos dos corpos
brilhantes e coloridos e conferir as falhas e os acertos para depois
atribuir-lhes elogios. Nada há na coreografia que leve a mente dos crentes a
glorificar a Cristo, pois os corpos dançantes não falam à mente. Se nada
comunicam, acabam distraindo a mente dos crentes e desviando o foco das
atenções do verdadeiro culto que é Cristo. Nenhuma dançarina vai a um palco
querendo dar glória a outrem, pois ela está ali para “demonstrar” e não para
levar a mente das pessoas cativas a outro lugar que não sua própria pessoa.
Assim, as dançantes amaldiçoam-se por roubar a centralidade da adoração a Deus,
(Atos 12:21-23), por receber honras e elogios que deveriam ser de Cristo, e por
tornar a adoração a Deus em show, culto profano e pagão.
6) PORQUE A
COREOGRAFIA SEMPRE ESTÁ ENVOLVIDA COM CARNALIDADE.
Na
coreografia, os movimentos dançantes são voltados para demonstrações dos corpos
de quem dança. A mente de quem assiste é eficazmente desviada para contemplar
movimentos, e não para pensar em Deus ou em Cristo. As moças fantasiam-se
sensualmente, - exatamente como procedem as dançarinas mundanas para atrair
olhares, e provocar impressões sensoriais fortes em quem assiste. Quando dizem
que estão imitando a profetisa Miriam, com coreografias modernas, tais
coreógrafos esquecem-se de que uma profetisa judia nunca vestiria trajes tão
pecaminosos como as atuais fantasias que circulam nos palcos eclesiásticos dos
nossos dias. Pelo efeito que produz, a coreografia é uma obra de sensualidade,
voltada para o pecado da carne; e o pendor da carne é morte, (Rm 8:6).
7) PORQUE É
PECAMINOSO POR ENALTECER A NATUREZA HUMANA.
Nada pode
ocupar o centro da adoração cristã senão a Palavra de Deus, por meio do
pregador. As danças, os conjuntos, cantores e corais são terminantemente
proibidos de ocupar o lugar central da Palavra de Deus no verdadeiro culto cristológico.
Todas essas pretensiosas formas de expressões de louvor são individuais e
particularizadas, devendo apenas ser para uso de cada um em ambiente privado,
não na igreja. Na igreja o culto é público, e o louvor sempre é congregacional.
O apóstolo Paulo foi incisivo contra os coríntios com seus individualismos em
detrimento da igreja como corpo. A visão de cantor A, conjunto B, coral C, que
se apresentam sozinhos, segregando-se do louvor congregacional, nada
mais é do que uma visão de fama, e isto é pecaminoso aos olhos de Deus. Uma
expressão absurda que se usa muito nas liturgias seculares é o termo
“participação especial” para designar um cantor que vai cantar na frente da
igreja. Sem perceber, o liturgo anuncia que o culto vai parar porque alguém mais
especial vai cantar.
Sempre que
houver o incentivo à manifestações particulares de louvor, a tendência é à
segregação, individualismo, fama, elogios, e exaltação à pessoa que canta ou
grupo que se apresenta. Assim sendo, tais modelos são carnais, (Gl 5:20-21) e
devem ser evitados na igreja de Cristo. Todos esses modelos são seculares,
trazidos do mundo pagão para dentro da igreja, sem nenhuma base bíblica. No céu
toda a igreja cantará em um coral universal; lá não haverá participação especial
de A ou B. Se a igreja de Cristo quer agradar a Deus, então, deverá copiar o
modelo das coisas celestiais, e não das terrenas, (Cl 3:2).
8) PORQUE É
AFÔNICA E DENUNCIA-SE DESNECESSÁRIA
A mais
absurda idéia que podemos ouvir dos defensores da coreografia na igreja é que
ela é uma maneira de louvar a Deus. Usam os textos dos Salmos 150 e o exemplo
de Miriam (“Se ela dança, eu danço!”), e o exemplo de Davi – textos que
tratarei mais adiante – para fundamentar uma teologia contraditória, por
desconhecerem a verdadeira idéia do salmo 150 e do exemplo de Miriam. A grande
contradição da coreografia é que ela precisa da música para louvar. Ora, como
pode um corpo dançante louvar, se louvar é bendizer, e o corpo nada diz?
Ao olharmos para o Salmo 150:4 (“Louvai ao Senhor com adulfes e danças”),
o termo hebraico mahol “dança”, é um termo usado como símbolo de alegria
após uma vitória. Normalmente uma mahol era acompanhada de adufes (tof);
por isso o salmista usa o conjunto “adulfes e danças”. A expressão hebraica do
Salmo 150:4 é exatamente a mesma encontrada em referência à dança de Miriam em
Êxodo 15:20, em sua forma verbal (“tocaram adulfes e dançaram”). Algo muito
importante que muitos deixam de esclarecer é que a dança de Miriam nada tem a
ver com o moderna coreografia praticada nas igrejas. Vejamos as diferenças: 1)
A dança de Miriam foi resultado de uma alegria de vitória do povo de
Israel sobre os egípcios; 2) Foi acompanhada por um instrumental próprio; 3)
Constituiu parte do ato de louvor a Deus pela vitória, que compunha-se de
repertório, som, e dança. Daí podemos concluir: a) que Miriam não coreografou
apenas gestos mudos; b) Que é errado referir-se a Miriam apenas à sua dança,
pois ela tocou, cantou, e dançou; c) Que a parte mais importante do seu ato não
foi a dança, e sim a letra da música que ela proferiu; d) Que o que louvou a
Deus não foi o movimento do seu corpo, e sim as palavras que proferiu para
engrandecer e bendizer a Deus; e) Que a dança de Miriam não foi uma parte
integrante do louvor, e sim o resultado da alegria que sentiu, sendo apenas uma
manifestação contingente. Uma segunda abordagem importante é lembrar que aquele
ato de Miriam foi um ato profético extraordinário e inspirado, no qual, ela
como profetisa inspirada, estava profetizando Palavras de Deus que ficaram
registradas no cânon das Escrituras do Antigo Testamento. Portanto ninguém pode
querer dançar como Miriam dançou, porque sua dança foi um mover inspirado do
Espírito de Deus no profetismo do Antigo Testamento, que tinha fins de
escrituração da Palavra de Deus; Miriam não dançou porque quis, e sim porque o
Espírito quis. Quando as pessoas querem imitar Miriam, estão assumindo a
postura do falso profeta, pois não têm credenciais para isto. Quanto ao Salmo
150, estaria dando ordens para louvar a Deus com danças? Absolutamente não! O
salmista não está se referindo apenas à “dança”, separadamente de adulfe, pois
ele está se referindo ao ato de Miriam. “Adulfes e danças” é a expressão do
louvor profético da profetisa Miriam, que foi inclusa no livro dos salmos para
ser lembrada continuamente no cântico de Israel, porque continha os elementos
da redenção de Israel. Grande parte do erro da coreografia deve-se à visão
errada que as pessoas têm dos Salmos. A maioria acha que os salmos são
mandamentos; e quando lêem o Salmo 150:4, acham que o salmista está ordenando
ao povo de Deus a dança como louvor. Os salmos são poemas musicais compostos
pelos israelitas da antiguidade para serem usados como hinos na adoração. Ao
invés de dançarem por causa da expressão do salmo, eles apenas cantavam o
salmo; não há nenhum indício de que os israelitas dançassem no templo. Na
verdade, o Salmo 150:4 não foi dado para imitar Miriam, mas para cantar a
vitória redentiva que ela celebrou. Portanto, o Salmo 150:4 não é para ser
dançado, e sim cantado. Bater tambores e movimentar o corpo nada diz acerca das
grandezas de Deus; portanto, não é à dança ao que o salmista está se referindo,
e sim ao que foi dito por Miriam quando dançou. O caso da dança de Davi em I
Crônicas 15:29 tem sido usado como modelo ou mandamento para justificar
coreografia. Isto consiste muito mais em ignorância do que exegese. Davi não
deu ordens a ninguém para dançar, nem instituiu em seu reinado a “dança litúrgica”.
Mais uma vez, somente o rei se empolgou porque estava vindo de uma vitória
contra os filisteus, e apenas ele dançou. Davi dançou e se alegrou, mas depois
é que adorou ao Senhor com cânticos dos Salmos de sua autoria, (I Cr 16:7-36).
Isto é prova de que as danças do Antigo Testamento estão relacionadas com a
história das vitórias de Israel, e nunca com a adoração. Danças no Antigo
Testamento é uma expressão de alegria, e não de louvor. A dança celebra
alegria, festa; a única festa a qual somos ordenados celebrar é a ceia do
Senhor no dia do Senhor, (I Co 5:7,8).
9) PORQUE
ROUPAS, CORES, FORMAS, LUZES E SONS SEMPRE CARACTERIZAM O VELHO CULTO CATÓLICO
ROMANO.
O culto
reluzente e colorido é o culto que não agrada a Deus. No Antigo Testamento
havia muitas figuras, cores, formas e ritos, mas tudo tinha um significado
tipológico. Com a vinda de Cristo, toda expressão profética do antigo culto
cumpriu-se. Agora, somente os aspectos da nova aliança devem interessar à
igreja de Cristo. Nada há Novo Testamento que nos dê a entender que o culto da
Nova Aliança seja recheado de cores, luzes e sons. Ao contrário, a recomendação
apostólica, quanto ao culto cristão, é de simplicidade e humildade. A igreja
neotestamentária que mais deu trabalho ao apóstolo Paulo quanto à humildade do
culto foi Corinto. Loucos por extravagâncias, os coríntios foram duramente
repreendidos pelo apóstolo. Antigamente, antes das missões protestantes
alcançarem as Américas, a roupa comum dos crentes era, naturalmente, o paletó.
O pregador usava paletó porque era a roupa de todos os homens presentes na
igreja; não havia destaque do pregador pela roupa ou qualquer outro utensílio.
Hoje as igrejas buscam destacar cada vez mais o pregador da multidão.
Contrariamente aos reformadores do passado, o Catolicismo procurou enaltecer
infinitamente seu clérigo, pondo sobre ele roupas, cores, e objetos, que o
tornam o centro da missa. O papa católico, com seus grandiosos palácios e
fortunas, com tantos aparatos, ouro, e finíssimas roupas sobre si, nunca poderia
ser o representante de Cristo na terra; Cristo morreu nu, desprezado, sem
riqueza, e abandonado numa cruz. Por este motivo, o verdadeiro culto cristão é
aquele que melhor representa a humildade do nosso Senhor. Implementar o culto
com tantas paramentas é voltar à ostentação do culto católico romano, culto
abominável a Deus.
10) PORQUE
IMPEDE QUE A PRÓPRIA MENSAGEM PRETENDIDA CHEGUE A MENTE, POR APRISIONAR-SE AOS
OLHOS.
Deus nunca
estabeleceria coreografias para o seu culto porque seria uma contradição de
propósitos. Seria a coreografia para os olhos ou para mente? Até agora nunca vi
nada diferente do que as tais danças proporcionam para quem as assiste, além de
novidades para os olhos. Nada diz ao coração, nem à mente. Ninguém entende nada
que se faz com o corpo. É mero lazer para quem pratica, e confusão para quem
vê. Dessa forma, a coreografia constitui um elemento proibido pela literatura
apostólica. Nela não há mensagem de louvor, palavras de gratidão ou qualquer
coisa parecida. Como poderia algo tão inócuo e irracional fazer parte do culto racional
dos cristãos, (Rm 12:1)?
11) PORQUE
DESOBEDECE AO MANDAMENTO DA MODÉSTIA DA MULHER NO CULTO.
As dançarinas
produzidas em vestes, cores e arranjos ferem a ordem apostólica dos trajes
modestos que Paulo dá em I Timóteo 2: 9 para o culto cristão. O culto não é
lugar para demonstrações de fantasias de danças femininas. Certamente isto
constitui um pecado grave para com Deus: a profanação do seu santo culto.
12) PORQUE
FAZ PERDER A SIMPLICIDADE DO CULTO A DEUS.
O culto
cristão é um momento onde todos os crentes devem estar quebrantados de
espírito, arrependidos de seu mal, perdoado o próximo, e na mais total
dependência de Deus. O sentimento de igualdade e dependência mútua como partes
de um corpo deve permear o ambiente sagrado, fazendo de todos um único
organismo. Quando o culto é recheado de destaques, privilégios, participações
“especiais”, apresentações e representações individuais, (cores, movimentos,
sons, personalidades centralizadas no palco, concorrências, etc.) elementos
chamativos da atenção da congregação para um único indivíduo ou grupo, perde-se
então, a verdadeira natureza de culto a Deus; a adoração é transformada em
relações psico-sociais e antropológicas. Personagens se tornam o foco das
atenções, as mentes são desviadas de Cristo, e o interesse aumentado em direção
aos talentos, cores, sons, gestos e aplausos. Para a maioria das pessoas o
culto não tem graça quando o único atrativo é Deus. Haverá sempre muito mais
adeptos do falso culto, porque, além de tal culto não exigir pré-requisitos
espirituais, ainda garante um relaxamento e lazer para os participantes.
13) PORQUE
CONTRARIA OS PRINCÍPIOS DE LITURGIA DO CALVINISMO, CARACTERIZANDO OS USUÁRIOS
COMO NÃO CALVINISTAS.
Calvinismo é
um sistema de culto e vida. Incrivelmente, podemos encontrar coreografia em
igrejas que vêm de origens calvinistas; até mesmo alguns pastores coreógrafos
querem ser identificados como calvinistas. Com toda certeza esses movimentos
coreográficos seriam taxados por Calvino e seus sucessores como movimentos
pagãos. O culto do calvinismo clássico está muito longe das caricaturas
modernas do culto protestante. Os praticantes da coreografia evangélica
desconhecem o verdadeiro culto calvinista, e não partilham da tradição reformada
deixada pelos gigantes do calvinismo clássico. A ênfase dada pelos calvinistas
ao culto cristão condena qualquer representação visível (CONFISSÃO DE
WESTMINSTER, cap. 1, seção 1), seja de danças, de teatro, ou de qualquer outra
coisa. Pastores que afirmam serem presbiterianos, ou que adotam a Confissão de
Westminster como símbolo de fé, jamais deveriam estar envolvidos em práticas
coreográficas no culto reformado, pois isso é negar o voto ministerial, e
incorrer numa infidelidade para com a Igreja Presbiteriana do Brasil.
14) PORQUE A
ORDEM É LOUVAR COM A BOCA, E NÃO COM DANÇAS.
“Por meio de
Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o
fruto de lábios que confessam o seu nome.” (Hebreus 13:15) A palavra
“sacrifício” da expressão “sacrifício de louvor”, representa a adoração a Deus
no Antigo Testamento. O autor está citando a mesma idéia contida em Oséias 14:2
(“sacrifícios de nossos lábios) para afirmar a verdade comparativa com o Antigo
Testamento: enquanto a adoração da Antiga Aliança era por meio de sacrifícios
de animais, a adoração da Nova Aliança é por meio de um outro tipo de
sacrifício,“o sacrifício que procede dos lábios”. O autor desta epístola é
unânime com a doutrina apostólica, quando fundamenta toda a adoração do Novo
Testamento sobre o louvor dos lábios dos crentes. Indiscutivelmente, quando
alguém tem dúvida sobre a adoração do Novo Testamento, podemos dizer-lhe que
aquilo que era para o antigo culto de Israel, é hoje o louvor dos lábios dos
crentes. Esse é o modelo neotestamentário de adoração da Nova Aliança, não
havendo nenhuma outra forma de adorar a Deus, além de nossos lábios.
15) PORQUE NO
CÉU O CORAL É DE VOZES E NÃO DE DANÇARINAS.
“Era
necessário que, as figuras das coisas que se acham nos céus se purificassem com
tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios a eles
superiores.” (Hebreus 9: 23) O culto terreno, instituído por Cristo e pelos
apóstolos, é figura do que há no céu, e lá não há grupos de dançarinas, apenas
um imenso coral de vozes dos redimidos, (Apocalipse 7 e 19). O texto de Hebreus
está intimamente relacionado com o sacrifício de louvor dos lábios dos crentes.
Não há nenhuma margem para cultos dançantes no céu. A adoração a Deus que
acontece na terra é uma cópia da adoração celestial. Por isso João tem a visão
apocalíptica de um grande coral, e não de dançarinas.
16) PORQUE
DENUNCIA A IGNORÂNCIA TEOLÓGICA DOS LÍDERES QUE APOIAM ESTE PECADO NA IGREJA.
Como já vimos
anteriormente, a prática da coreografia na igreja é uma prática mundana que
entrou no culto dos mais desinformados. A liderança que compartilha de tais
“expressões de louvor” desconhece a história do Calvinismo, ignora os símbolos
de fé reformados, não tem raciocínio teologicamente preciso, e nunca aprenderam
teologia reformada. Cansam-se de dizer que são reformados, quando na verdade só
acreditam, com reservas, no sistema de governo e na doutrina da predestinação.
Se olharmos para o presbiterianismo histórico, veremos que os antigos líderes
eram homens mais conscientes da doutrina reformada, e detinham certa cultura
teológica; essa é razão porque nunca encontramos coreografia na igreja quando
recuamos um pouco na história. A maioria da liderança perdida com coreografia
representa um pessoal que nada lê ou estuda; ignora a teologia, as letras, e o
conhecimento. Assim, perecem no paganismo de sua própria ignorância. Quando
corpos se contorcem feitos serpentes na frente de uma igreja, a única coisa que
representam com aquelas danças é a materialização dançante da ignorância de seu
pastor.
PROF. REV.
MOISÉS C. BEZERRIL
Fonte: http://teologiaselecionada.blogspot.com.br/2008/03/coreografia-na-igreja