PERDÃO

A palavra em português sugere a ideia de uma perda muito grande; algo de que precisamos abrir mão para reencontrar a paz e a alegria que a mágoa suplantou, lançando nossa alma num cárcere sombrio, onde tudo o que fazemos é gemer, recordar quem éramos antes de sermos feridos e lamentar-nos pelo que nos tornamos.

Em outras palavras, perdoar é sair no prejuízo. É cancelar uma divida que alguém tinha conosco. É arcar com o prejuízo pelo dano.

E o que fez Jesus para garantir nosso perdão, cancelar a nossa divida com o pai? Ele também sofreu uma grande perda, deixando a sua glória, tomando a forma de servo, experimentando um grande sofrimento e a morte (Ef 2.6-8), para conceder-nos perdão e reconciliar-nos com Deus.

Perdoar não é fácil; note que José não deu um tapinha nas costas dos irmãos, dizendo: “Olha, o que vocês me fizeram não foi nada. Não doeu”. Deus usou o mal para promover o bem tanto para mim como para vocês.

As pessoas mais difíceis de perdoar são aquelas com quem convivemos diariamente: cônjuge, irmãos, filhos, sogros, genros, cunhados. Nossos relacionamentos mais íntimos são aqueles em que mais acumulamos amargura e ressentimentos.

Quando perdoamos alguém, a divida continua sendo divida. Só que, ao deixarmos Deus agir, a sensação de prejuízo que temos é superada, porque é dado o devido encaminhamento à dor. Quando perdoamos, liberamos a divida que alguém tinha conosco, e encaminhamos a dor para o lugar certo. E Deus dará cabo dela.

O perdão é composto de dois elementos: um natural, que é da nossa competência (o perdão é algo que depende da nossa escolha; faz parte de nosso livre-arbítrio querer ou não perdoar e ser perdoado), e outro sobrenatural, que é da competência divina: o milagre da cura pela ofensa que sofremos e pela ofensa que causamos em outro.

Há momentos em que só conseguiremos perdoar se fizermos como Jesus fez: renunciarmos a nós mesmos, suportamos a dor, crucificamos o nosso eu e pedirmos a Deus que faça a vontade dele, e não a nossa.

Fonte:

Bíblia da Mulher, Ed. Central Gospel